CALENDÁRIO JUDAICO
O calendário judaico é basicamente lunar, pois nele cada mês
começa em uma lua nova, pois a palavra hebraica que é usada na Bíblia
para significar mês é CHÓDESH, que significa lua nova, e vem da palavra
CHADASH, que significa novo.
Pode ser considerado como dia da lua nova o dia em que
ocorre a conjunção lunar, ou o dia seguinte ao em que ocorre a conjunção lunar.
No entanto, o calendário judaico é também solar, pois em
Êxodo 12:2 e em Êxodo 13:4, Deus ordenou que o primeiro mês do ano seja o mês
de Aviv, e a palavra Aviv significa primavera, de modo que o primeiro mês do
ano deve ser o mês que coincide com o início da primavera na Terra de Israel, e
as estações do ano são fixadas pelo movimento da Terra em redor do Sol.
Portanto, o calendário judaico, que é o calendário bíblico,
é um calendário misto, lunar e solar, em que os meses são marcados pelos
movimentos da lua, e os anos são marcados pelos movimentos do sol.
O ciclo da lua é de 29 dias, 12 horas, 44
minutos e 3 segundos, ou seja, aproximadamente 29 dias e meio.
Por isso, no
calendário judaico os meses têm 30 dias e 29 dias, alternadamente.
Portanto, 12 meses,
sendo 6 de 30 dias e 6 de 29 dias, dão um total de 354 dias. Como o ciclo do
sol é de 365 dias e seis horas, aproximadamente, então existe uma diferença de
cerca de 11 dias entre o ano lunar e o ano solar.
Para compatibilizar
os meses lunares com o ano solar, esta diferença de cerca de 11 dias é
compensada acrescentando-se
em determinados anos um 13o mês de 30 dias.
Este 13o mês é intercalado antes do mês de
Adar, e é chamado Adar Rishon, que significa Adar Primeiro, e quando isto
acontece, o mês de Adar passa a ser chamado Adar Sheni, que significa Adar
Segundo.
Desta forma, temos no calendário judaico anos de 12 e de 13
meses.
O ano de 12 meses é chamado ano “comum”, e o ano de 13 meses
é chamado ano “embolismal” (do grego: intercalado).
Tanto o ano comum como o ano embolismal pode ser “regular”,
“bissexto” ou “deficiente”.
O ano é “regular”, quando os meses se sucedem com
regularidade, sendo um de 30 e outro de 29 dias. No ano comum regular, todos os
meses ímpares têm 30 dias, e todos os meses pares têm 29 dias. No ano
embolismal regular, acontece o mesmo, com exceção de que o 12º mês tem 30 dias
e o 13º mês tem 29 dias.
O ano é “bissexto” quando o mês de Cheshvan (8o
mês) tem 30 dias ao invés de 29.
E o ano é “deficiente” quando o mês de Kislev (9o
mês) tem 29 dias ao invés de 30.
Assim, temos 6 tipos diferentes de anos:
1) Ano “comum regular”, com 354 dias.
2) Ano “comum bissexto”, com 355 dias.
3) Ano “comum deficiente”, com 353 dias.
4) Ano “embolismal regular”, com 384 dias.
5) Ano “embolismal bissexto”, com 385 dias.
6) Ano “embolismal deficiente”, com 383 dias.
No calendário judaico, cada “ciclo” de 19 anos contém 12
anos comuns e 7 anos embolismais. O terceiro, sexto, oitavo, décimo primeiro,
décimo quarto, décimo sétimo e décimo nono de cada ciclo são anos embolismais.
Um ano embolismal pode ser facilmente identificado. Basta
dividir o seu número por 19. Se a divisão apresentar o resto de 3, 6, 8, 11,
14, 17 ou 0, o ano é embolismal.
Os rabinos introduziram o costume de considerar o primeiro
dia do mês de Tishrei (7º mês) como sendo o primeiro dia do ano, e por isso até
hoje a maioria dos judeus chama o primeiro dia do mês de Tishrei de Rosh
haShaná, que significa início do ano, ou dia do ano novo.
No entanto, isto não é correto, pois Deus ordenou que
consideremos o mês de Aviv (mês da Primavera) como o primeiro mês do ano (Êxodo
12:2 e 13:4), de modo que o verdadeiro dia do início do ano, ou dia do ano novo
(Rosh haShaná), é o primeiro dia do mês de Aviv, também chamado Nissan.
Por isso, os judeus caraítas
consideram o primeiro dia do mês de Aviv, ou Nissan, como sendo o início do
ano, ou dia de ano novo (Rosh haShaná).
O primeiro dia do mês de Tishrei, que é o sétimo mês, deve
ser chamado de Yom Teruá, ou Yom Zikhron Teruá, pois Deus assim ordenou em
Levítico 23:24, e em Números 29:1.
Conhecem-se
hoje apenas quatro nomes bíblicos de meses: Aviv e Ziv, na primavera, e Etanim
e Bul, no outono.
O
primeiro mês é chamado mês de Aviv, em Êxodo 13:4.
O
segundo mês é chamado mês de Ziv, em 1 Reis 6:1.
O sétimo
mês é chamado mês de Etanim, em 1 Reis 8:2.
O oitavo
mês é chamado mês de Bul, em 1 Reis 6:38.
Os nomes
atuais são de origem babilônica.
Aliás, a
Torá se refere sempre aos meses pelo número de ordem (primeiro mês, segundo
mês, etc.), com exceção do primeiro mês, que é chamado de mês de Aviv, em Êxodo
13:4.
Assim, a
Páscoa (Pêssach) é celebrada no “primeiro mês”, e Yom Teruá e Yom Kipur são
celebrados no “sétimo mês”.
Os nomes e respectivos números de dias dos meses obedecem à
seguinte ordem:
1o - Nissan,
com 30 dias.
2o - Iyar,
com 29 dias
3o - Sivan,
com 30 dias.
4o - Tamuz,
com 29 dias.
5o - Av,
com 30 dias.
6o - Elul,
com 29 dias.
7o - Tishrei,
com 30 dias.
8o - Cheshvan,
com 29 ou 30 dias.
9o - Kislev,
com 30 ou 29 dias.
10o - Tevet,
com 29 dias.
11o - Shevat,
com 30 dias.
12o - Adar,
com 29 dias, ou
Adar Rishon,
com 30 dias.
13o - Adar
Sheni, com 29 dias.
Nos anos comuns, o 12o mês chama-se Adar, e não existe o 13o mês. Nos anos embolismais, o 12o mês se chama Adar Rishon (Adar Primeiro), e é acrescentado o 13o mês, que se chama Adar Sheni (Adar Segundo).
O início do sétimo mês, o mês de Tishrei, pode ser alterado
de um dia. Esta alteração se procede em obediência a duas fundamentais regras
rabínicas, a saber:
1- Jamais o Yom Kipur pode cair numa sexta-feira ou num
domingo.
2- Jamais o dia de Hoshaná Rabá (21 de Tishrei) pode cair
num sábado.
Em consequência da primeira regra, o primeiro dia do sétimo
mês (Yom Teruá) jamais cai numa quarta ou sexta-feira, e em decorrência da
segunda regra, tampouco cai num domingo.
Por sua vez, o Yom Kipur, além de jamais cair numa
sexta-feira ou num domingo, tampouco cai numa terça-feira, em decorrência da
segunda regra.
Um modo prático para memorizar tudo o que precede, é a
fórmula hebraica “Adu” (álef, dálet, vav).
O álef representa o número 1, o primeiro dia da semana, o
dálet representa o número 4, o quarto dia da semana, e o vav representa o
número 6, o sexto dia da semana.
Esta fórmula significa que o primeiro dia do sétimo mês (Yom
Teruá) não pode cair num domingo, quarta ou sexta-feira.
Com isso, ficam resguardadas as duas regras fundamentais do
calendário judaico.
A capa de muitos calendários judaicos traz impressa uma
sigla de 3 letras hebraicas.
Estas 3 letras contêm o caráter do ano inteiro.
A primeira letra da direita corresponde ao Yom Teruá. A
última letra, ao dia da Páscoa (Pêssach), e a letra do meio indica se o ano é
regular, bissexto ou deficiente.
O ano regular é indicado com a letra “caf” (inicial da
palavra hebraica “Kesidrá”), o ano bissexto é indicado com a letra “shin”
(inicial da palavra hebraica “shelemá”), e o ano deficiente é indicado com a
letra “chet” (inicial da palavra hebraica “chesserá”).
Quem, pois, está por pouco que seja familiarizado com o
calendário judaico, tem diante de si, apenas com esta sigla, os dias da semana
em que caem todas as festas religiosas do ano, sabendo-se que estas estão
estreitamente relacionadas com os dias da semana em que caem o Yom Teruá e a
Páscoa.
Porém, a chave mesma do calendário
judaico nos é fornecida pela flexibilidade do mês de Kislev, que tanto pode
conter 30 dias como, se necessário, 29.
Daí a utilidade prática da fórmula
ADU.
Ao verificar-se que no ano
seguinte Yom Teruá poderá cair num domingo, quarta ou sexta, corta-se um dia do
mês de Kislev e desta forma no ano seguinte o Yom Teruá fica antecipado para
sábado, terça ou quinta-feira.
Quanto à flexibilidade do
mês de Cheshvan, que ao invés de 29 tem às vezes 30 dias, o motivo é semelhante
ao de, no calendário gregoriano, fevereiro às vezes ter 29 dias ao invés de 28.
Trata-se de um acerto de
tempo.
O ciclo da lua é de 29
dias, 12 horas, 44 minutos e 3 segundos.
Por isso, os meses têm
alternadamente 30 dias e 29 dias, o que dá uma média de 29 dias e meio.
No entanto, existem os 44
minutos e 3 segundos que sobram, e esta diferença vai se acumulando, e a cada
33 meses, aproximadamente, esta diferença acumulada gera um dia a mais, e por
isso é necessário que haja anos bissextos, para acertar essa diferença.
O fato é que num ciclo de 19 anos o calendário judaico
alcança a perfeição da coincidência do ano lunar com o ano solar.
Reminiscência dos tempos em que o Sinédrio proclamava a lua
nova, baseado no testemunho de pelo menos dois observadores que transmitiam a
notícia por meio de sinais de fogo acesos nas colinas, ou por velozes
mensageiros, é o costume de, na diáspora, celebrarem-se certos feriados dois
dias seguidos, pois corrigem-se desta forma eventuais enganos de observação na
aparição do menor quarto crescente da lua nova.
Duas outras características do calendário judaico que convém
destacar, são: que os dias da semana, em hebraico, com exceção de sábado, não
têm nome, e que, contamos o dia “de noite para noite”, começando o mesmo ao pôr
do sol e terminando 24 horas depois, ao se avistar as primeiras estrelas, tudo
de acordo com o que está escrito em Gênesis 1:5: “E houve noite e houve manhã,
o primeiro dia”.
Para ver um calendário com a marcação do início de cada mês
do calendário judaico e dos dias das festas que Deus ordenou e das demais festas
bíblicas, veja a seguinte página: http://www.caraita.teo.br/calendario.htm
.
Para obter um programa que dá o calendário judaico em todos
os anos, clique no seguinte hiperlink: Kaluach.3 .
Que Yahveh vos
abençoe.
João Paulo Fernandes Pontes (nome hebraico:
Yochanan Ben Yosef).
E-mail: joaopaulopontes@caraita.teo.br
.
Publicado em 4 de dezembro de 2002.
Atualizado em 22 de fevereiro de 2023.
EN FRANÇAIS EN ESPAÑOL IN ENGLISH בעיברית